sexta-feira, 26 de outubro de 2007

As quatro fases da perda

Já ouvi falar por aí de uma teoria sobre as quatro fases da perda: negação, revolta, tristeza e aceitação. Acho que eles se aplicam bem a mim.

Fui assaltada na porta de casa há algum tempo. Quando o assalto aconteceu, eu não acreditava que aquilo estava acontecendo. Fiquei paralisada, muda, sem saber o que fazer. Se o Vinícius não estivesse comigo eu realmente não saberia o que fazer.

Eles nem levaram muitas coisas em valor, só o celular. O que eu perdi foi a confiança. A idéia de que chegar em casa era algo bom. A idéia de que a minha casa era o meu lar. Passei alguns dias apavorada com a idéia de sair de casa, qualquer hora que fosse. Não queria enfrentar a rua, todas as pessoas eram suspeitas e poderiam fazer algo de mau para mim a qualquer momento. Estava traumatizada, apavorada, queria fugir. Queria voltar para o Rio de Janeiro e nunca mais voltar. Estava tentando me livrar daquilo tudo e esquecer que tudo aquilo aconteceu. A negação.

Logo depois disso tudo acontecer, escrevi o meu post, queria ir embora do trabalho ou pedir transferência para outro lugar. Queria me mudar, me livrar daquela casa que nem de longe era um lar. Procurei imóveis, tentei de tudo. Mas eu ia viajar para Nova Iorque em 2 ou 3 semanas e não deu tempo nem valia a pena alugar um novo apartamento no momento. Gerei uma grande discussão no trabalho sobre as condições de segurança da cidade e isso acabou levantando a questão sobre o suporte dado àos Nooglers em relação à moradia. Pelo menos os meus problemas podem ajudar pessoas novas a terem menos problemas. Mas mesmo assim, eu estava revoltada. Não aceitava que eu não pudesse sair à noite. Pegar a sessão das 7 no cinema e voltar para casa em segurança. Ter que pegar taxi todos os dias para voltar para casa. Eu achava aquilo uma situação inaceitável e realmente queria embora. Decidi que não passaria mais nenhum fim de semana em BH. A revolta.

Fui para Nova Iorque. Esqueci Belo Horizonte. Foi um alívio e dá até vontade de pedir transferência para lá. A gente via gente usando laptop na rua às 11 horas da noite. Tinha gente na rua até essa hora. Anda-se a pé ou de metrô tranquilamente a qualquer hora em Manhattan. É uma cidade maravilhosa e foi de grande ajuda na destraumatização. Acho que por isso, a minha fase de tristeza foi menor. Eu fiquei triste no período antes de ir para Nova Iorque. Tristeza por ainda estar em Belo Horizonte, misturada com a revolta. Todo dia era uma luta para acordar, para sair de casa. A minha motivação para trabalhar tinha acabado. Eu me obrigava a sair de casa e eu tinha que sair cedo. Eu tinha medo de andar na cidade depois das 7 horas da noite. A tristeza.

Voltando de Nova Iorque, voltei a procurar imóveis. Achei um bom. Na Savassi. Ônibus na porta que passa em frente ao trabalho. Um pouco mais caro do que eu queria, mas ainda era um valor aceitável. Fui na imobiliária, precisava de dois fiadores. Um podia ser de fora da cidade. Outro poderia ser a empresa. Estou até agora esperando pela empresa decidir se pode ser fiadora ou não. Eu sei, eles não tem muita culpa. É uma empresa globalizada e esse negócio de fiador não existe lá fora, já que se o cara não pagar, eles chegam com a polícia para expulsar e pronto. Realmente parece mau negócio ser fiador de alguém. Acabei desistindo porque o apartamento tinha sumido do site. Alguém estava em processo de alugar. O apartamento até voltou para o site, mas eu também não quero mais. Eu teria que pagar (ou negociar o não pagamento) da multa de rescisão do meu apartamento atual. Teria que entrar com todo o processo de alugar um outro apartamento. Mudança. Tudo. Eu estava sem paciência e já me acostumando a voltar para casa de táxi. Afinal de contas, nem é tão caro assim. Alugar um apartamento mais próximo sairia mais caro do que pagar o táxi para voltar todo dia. Fiz as contas de acordo com o taxímetro e dá um pouco mais de 5km do trabalho para casa, por volta de 13 reais. Resolvi deixar as coisas como estão. A aceitação.

Com o dinheiro que eu economizei da rescisão eu comprei uma geladeira e um fogão. Tinha desistido de mobiliar a casa pq eu ia me mudar. Mudei de idéia. Aceitei as coisas como elas são. Belo Horizonte é uma metrópole, assim como o Rio de Janeiro. Tem problemas, assim como tem lá. Tive muita sorte de morar onde morei no Rio e nunca ter problema. Tive azar de ter problemas logo que mudei para cá. Estou tomando mais cuidado e estou tendo uma vida tranquila. O meu maior problema é não ter carteira de motorista. Estou tentando tirar, mas o Google me deixou preguiçosa. Eu já cheguei a acordar todos os dias às 4 e meia da manhã, para começar o meu estágio de química às 7. Hoje eu gostaria de acordar às 6 todos os dias para ir à auto-escola na aula das 8 e ir para a academia depois, 3 vezes por semana. Mas é difícil sair de casa antes das 9... hehehe

Me deram uma idéia boa hoje: comprar um carro e depois tirar carteira de motorista. Gostei da idéia. Acho que vou fazer isso ;)

Um comentário:

  1. Além de ser uma motivação a mais pra tirar carteira ainda expulsa o vizinho entrão da tua vaga :)

    Saudade de você moça! Mas amanhã tem almoçooooo!!

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